Pular para o conteúdo principal

Assunção


Tinha um dia e meio para conhecer a capital paraguaia. Apesar de Assunção não ter inúmeras atrações, não consegui aproveitá-la como pretendia. Durante a minha estadia fui brindada com fortes chuvas.
Nem sempre as coisas acontecem como planejamos, principalmente em uma viagem de 30 dias e passando por 5 países, em algum momento as condições do tempo e até mesmo o cansaço podem atrapalhar um pouco. E foi isso que aconteceu.
Como o meu objetivo era conhecer as principais atrações, escolhi ficar hospedada no centro para visitar a sua parte mais histórica. Se fosse possível  veria a área mais moderna de Assunção. Mas a chuva atrapalhou, e muito. E o que pude ver da cidade se resumiu aos poucos quarteirões próximo ao hotel, que estava localizado ao lado da Praça Uruguaya.


Em frente a praça a Estación Central de Ferrocarril Carlos Antonio López, cujo nome é em homenagem ao presidente que instalou o trem no país. Inaugurada em 1861 foi a primeira estação de passageiros da América do Sul. Em estilo neogótico esteve em operação até 1999. Hoje funciona um museu que possui objetos da época e antigos vagões.



 Assunção é a maior cidade do Paraguai, possui muitos bairros e se localiza na margem esquerda do Paraguai, rio que divide o país em duas grandes áreas distintas, a leste e a oeste. Ao contrário do que se pensa (puro pre-conceito), não encontrei uma cidade suja, com trânsito caótico ou insegura e apesar de me deparar com muitos ambulantes, não foram invasivos como na maioria das cidades turísticas sul americanas (Cusco ganha de todas).


Fato é que não estive muito tempo por lá e o que vi se resume às minhas caminhadas pelo centro em um dia de chuva… Mas encontrei interessantes murais distribuídos pelas ruas que foram parte dos eventos do Festival Latinoamericano de Arte en la Calle, em agosto de 2016. São cores, traços e figuras da fauna e flora que dão vida ao centro da cidade.


Pelas ruas também encontrei a harmoniosa mistura do moderno com o antigo em suas construções.


Assunção tem sua origem em 1537 com o nome Nuestra Señora Santa María de la Asunción, Inicialmente um forte, segui-se como ponto de apoio para os que chegavam da Europa (pelo rio da Prata) com destino às minas de ouro e prata do Peru, como também aos que partiam em expedições para fundar outras cidades durante a colonização espanhola. Teve um período de desenvolvimento econômico, mas como o resto do país, amargou as consequências catastróficas das guerras em que se envolveu (Guerra do Paraguai ou da Tríplice Aliança, entre 1864 e 1870; Guerra do Chaco, entre 1933 e 1935).


Pelo centro ainda se pode encontrar construções com arquitetura colonial preservada, mas o interessante foi me deparar com uma população que tem orgulho de suas raízes nativas e adota o guarani como língua oficial e corrente no dia a dia (mais de 90% da população do país fala espanhol e guarani).

parte inferior da sacada do prédio abaixo


As principais atrações
Palácio Lopez – Palácio do governo, sede da presidência. Foi construído em finais do século 19, para ser a residência de Solano Lopez, que ganhou o terreno do padrinho, ainda no governo do seu pai. A obra, como muitas outras que mudaram a fisionomia colonial de Assunção, ficou a cargo de técnicos europeus. No entanto, com a guerra do Paraguai e morto em batalha, o edifício não chegou a ser ocupado por seu idealizador.

Costanera – Por trás do Palácio passa a famosa e urbanizada avenida que foi inaugurada em 2013, um espaço de lazer às margens da baía de Assunção. São cerca de 3,8 km, parte de um projeto maior que ao ser completado terá aproximadamente 22 km.

Por trás também se pode chegar á área onde se encontra o Palácio Legislativo e o mirante com um monumento em homenagem a Solano Lopez.


Cabildo (Centro Cultural) – Na época da colônia era sede da administração (parlamento), hoje é o Centro Cultural de La Republica com salas-museu, onde estão expostos itens ligados a história e cultura do Paraguai.



Catedral Metropolitana (Catedral de Nuestra Señora de Asunción) – Teve sua primeira construção em 1539, no entanto, até a presente estrutura datada de 1845, sofreu diversas demolições e reconstruções.

Na fachada da Catedral há um interessante painel esculpido onde está representado o encontro do governo espanhol com o indígena guarani.



Panteon Nacional de los Héroes – A construção desse edifício foi iniciada em 1863, como capela da Virgen de Asuncion, porém, com as guerra do Paraguai e do Chaco, só foi concluída em 1936, quando passou a ter  também a função de mausoléu, onde estão as cinzas de Lopez e outros heróis da pátria. Infelizmente não o visitei pois se encontrava em restauração.

Na praça em frente, uma manifestação artística com danças tradicionais.

Casa de la Independencia – construção datada de 1722, tem importância por ter sido o local onde se davam as reuniões secretas para a independência do país (1811). Hoje é um museu com exposição de objetos e documentos históricos.




Gostaria de ter ido, mas não houve tempo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A caminho do Peru pela Rodovia do Pacífico

No início do século XX, o então chefe da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus, engenheiro Euclides da Cunha, desembarcou na Amazônia com o objetivo de demarcar os limites territoriais nas longínquas fronteiras com o Peru. O autor de Os Sertões já vislumbrava a possibilidade da unificação do continente sul americano por meio de uma rodovia que ligasse o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico. No entanto, isto só se tornaria possível um século depois, com o esforço conjunto dos governos brasileiro e peruano na execução de uma ambiciosa obra que tem o nome oficial de Corredor Viário Interoceânico Sul. Apesar das adversidades, o homem andino, em diferentes épocas, conseguiu estabelecer diversas vias de comunicação. Estradas de ferro pelas encostas das montanhas e rodovias conservadas, outras nem tanto, mas que conseguem superar grandes altitudes. Porém, ainda é possível encontrar em algumas regiões, caminhos que não são mais que um rast...

A Arte Cusquenha

Ao conquistar Cusco em 1534, os espanhóis não só iniciam mudanças profundas na história política do Império Inca, como também transformações na história da arte americana. O encontro de duas culturas fez surgir uma nova expressão artística, tendo a pintura colonial desenvolvida na cidade peruana de Cusco como resultado da confluência da tradição barroca trazida pelos colonizadores espanhóis com a arte dos indígenas americanos. Com o objetivo de catequizar os incas, muitos missionários partem para a colônia para converter a alma pagã à religião católica. Para isso utilizaram a pintura como arte eclesiástica. Assim escolas foram criadas, dando origem ao primeiro centro artístico pictórico das Américas. A grande maioria das obras da Escola de Cusco se refere a temas sacros, onde a imagem aliada à palavra seria o único meio de difundir o catolicismo. Assim estão presentes nas obras a glorificação de Jesus, a Virgem Maria e santos, o Juízo Final com as glórias do Paraís...

Os Incas

Passado o grande dilúvio, o deus criador fez surgir do alto de uma montanha nas proximidades do Lago Titicaca oito irmãos (quatro homens e quatro mulheres), que juntos caminharam pelos Andes conquistando as terras e dominando os povos que aí existiam. Não sendo oito irmãos, teriam sido dois: Manco Capac e Mama Ocllo. Os primeiros a serem criados pelo deus sol com a função de fundar o reino. Não sem antes peregrinarem até que o bastão de ouro de Manco Capac ficou totalmente encravado na terra. Ali surgiria o centro do Império Inca, o “umbigo do mundo”, onde hoje é a atual Cusco (Qosqo, em quéchua). Na ausência de relatos escritos, a imaginação vai ocupando seu espaço e surgem lendas para contar a origem do Império Inca. Porém, o mais provável é que possam ter sido aldeias, personificadas nas lendárias figuras, que em dado momento se uniram e deram origem ao povo inca. Ou até mesmo que lá chegaram quando já existiam outros povos em seus ayllus (aldeias de ...