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Tegucigalpa


A cidade foi fundada em finais do século 16 para funcionar como centro de mineração da prata. Só passou a ser a capital em 1880.  Inicialmente se limitou ao vale do rio Choluteca, aos pés da colina El Picacho. Com o crescimento populacional desordenado foi se expandido e avançando pelas encostas. Tem uma altitude média 990 metros, por isso o clima não é muito quente.

Não conheço qualquer pessoa que tenha ido à capital de Honduras. Tegucigalpa é pouco procurada como destino de viagem, o máximo é uma passagem para outros países da América Central. Eu estava em Honduras para conhecer as ruínas de Copã, cerca de 12 km da fronteira com a Guatemala, de onde eu tinha ido. Como não costumo viajar retornando por um lugar por onde já passei e para não enfrentar novamente os trâmites burocráticos da mesma fronteira e retornar para a Cidade da Guatemala, resolvi seguir em frente e conhecer a capital hondurenha.


Mas a viagem não foi simples. Apesar do confortável ônibus em assento executivo, amargamos um atraso de quatros horas no pequeno terminal rodoviário da Hedman Alas, em Copã Ruínas. E ainda tivemos que viajar por três horas até São Pedro Sula, para trocarmos de ônibus e, finalmente, seguir em direção à Tegucigalpa, onde chegamos sãos e salvos quatro horas e meia após.

Poucas informações da cidade e as que tinha se referiam a ser a capital e o país mais violento da América Central. No tempo em que lá estive (cerca de 36 horas) não houve problemas. E como o que mais me interessa ao conhecer uma cidade são as suas origens, pelo pouco tempo que tinha, optei pelo pequeno centro histórico.



Nas últimas décadas dos século 20 houve uma transformação nas características urbanas e aos edifícios coloniais se misturaram construções modernas. É uma capital como tantas outras da América latina, bairros pobres, favelas em morros, bairros com maior poder aquisitivo e prédios modernos. 

Possui uma frota de automóveis velha que contribui para aumentar a sua poluição. Mas o centrinho até que é bonitinho, Só precisaria de um pouco mais de limpeza e organização no trânsito.


A Iglesia de Los Dolores, em estilo barroco data de 1732. A fachada é um exemplo de sincretismo religioso onde se misturam elementos da fé católica com as crenças indígenas.
Na praça principal se localiza a Catedral de San Miguel, que teve sua construção em meados do século 18. O templo se mantem conservado e possui um bonito altar.


Mas o melhor de Tegucigalpa foi a visita ao Museo para la Identidad Nacional. O museu de maior relevância traz uma retrospectiva desde a formação geológica do território, a contribuição das nações indígenas e do colonizador na identidade nacional, além dos fatos históricos mais recentes que aconteceram no país. 


Há uma exibição virtual interessante das ruínas de Copã (Copã Virtual). Também apresenta exposições temporárias.  O imóvel tem uma arquitetura neoclássica do final do século 19.

Outra estrutura dessa mesma época e estilo é o que abriga o edifício do Correo Nacional.


O rio que corta a cidade.


Por incrível que pareça, conheci um casal de baianos enquanto aguardava o ônibus em Copã Ruínas. E viajamos até Tegucigalpa. No dia seguinte combinamos conhecer um pouco da cidade juntos. Mas uma das nossas visitas teria que ser ao estádio de futebol da capital, pois o baiano faz coleção de camisas de time e gosta de visitar os campos. E lá fomos nós. Eu pela primeira vez na vida coloquei os pés em um estádio de futebol....




Curiosidades hondurenhas
Aeroportuárias
Um dado que eu só fiquei sabendo na véspera de viajar foi que, o Aeroporto Internacional de Toncontin, em Tegucigalpa, é um dos mais perigosos do mundo, pois a pista é curta e há uma grande quantidade de morros na proximidade. E isso eu comprovei, o avião nem bem decola já está de bico para cima como se fosse um foguete, de tão rápido que sai do chão.

Já passei por muitos aeroportos na vida, mas nunca tinha visto um check in tão rigoroso como o de Tegucigalpa. Impressões digitais (os 10 dedos, 2 vezes), fotografia e revista de passaporte por 2 vezes. Já estava achando que não iria embarcar...

Queria me livrar das lempiras (moeda hondurenha) que tinha e procurei uma casa de cambio no aeroporto para trocar por dolar, pois é o que se espera de um aeroporto internacional. Porém, não havia e a única maneira foi trocar com um "cambista oficial" que perambulava dentro do aeroporto com dólares no bolso.

Do futebol:
Como não me interesso por esse jogo nem sabia que Honduras tinha time para chegar a Copa do Mundo. Pois é tem e até já foi a guerra por conta disso. O fato foi o seguinte: em 1969 Honduras e El salvador disputaram uma vaga para o mundial de 70. Em dois jogos cada um teve a sua vitória, porém os ânimos já vinham acirrados, com insultos de ambos os lados e na época do jogo de desempate, no México, o governo salvadorenho cortou relações diplomáticas com o vizinho.  Nem mesmo a vitória impediu El salvador de invadir Honduras. O conflito foi curto, mas o suficiente para muitas mortes (6 mil), principalmente de civis. Em quatro dias, por intervenção da OEA, houve o cessar fogo. Não houve mudança nos limites fronteiriços que, creio eu, ter sido o real motivo da briga e não uma disputa no futebol, nem mesmo em uma etapa de classificação para a COPA.

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