Um programa de vacinação varia no decorrer do tempo, dependendo do perfil epidemiológico de uma região. Portanto a lista de exigência de vacinação é sempre atualizada. Antes de viajar obtenha as informações necessárias no Centro de Orientação para a Saúde do Viajante da ANVISA em sua região (veja aqui).
A vacinação é um método muito eficaz na prevenção de doenças infecciosas. Para ter um efeito protetor adequado é necessária a administração da vacina com antecedência e nas doses indicadas. Nem todas têm a mesma eficácia, nem são totalmente isentas de efeitos adversos ou estão disponíveis para todas as doenças (como SIDA e malária). Apesar da boa proteção obtida, deve-se levar em conta que as vacinas não protegem 100%. Algumas podem conferir imunidade de longa duração, outras por períodos de poucos anos.
De qualquer forma a indicação de uma vacina não vai eximir o viajante de adotar as demais medidas de proteção como: cuidados com o consumo de água e alimentos, uso de repelentes e mosquiteiros, como também de preservativos.
Em relação aos viajantes pode se fazer uma classificação das vacinas
- Vacinais gerais => são as vacinas rotineiras, que fazem parte de forma sistemática do calendário de vacinação da criança e do adulto no país de origem do viajante. Embora não tenham uma indicação específica para a viagem, é um boa oportunidade para atualizá-la. Elas são administradas de acordo com as características do indivíduo: idade, estado de saúde, ocupação, história de vacinação e de outras circunstância.
- Vacinas obrigatórias => são vacinas exigidas pelas autoridades locais na entrada de um país de acordo com o Regularmento Sanitário Internacional. Precisam de um Certificado Internacional de Vacinação. Essa obrigatoriedade tem como objetivo proteger a população autóctone, não ao viajante. A única incluída formalmente nesse grupo é a vacina contra febre amarela. Atualmente (2016) o governo da Arabia Saudita está exigindo um Certificado Internacional de Vacinação antimeningocócica ACYW135 para a obtenção do visto.
- Vacinas recomendadas => São administradas segundo as características da viagem. São aquelas indicadas para proteger o viajante, pelo risco associado ao lugar que se vai visitar ou por outras circunstâncias específicas de cada caso, tais como a duração da viagem, atividades planejadas ou tipo de alojamento (vacinas contra: hepatite A, hepatite B, febre tifoide, encefalite japonesa, encefalite centro-européia, raiva e contra cólera).
Vários países exigem do visitante a vacinação contra a febre amarela, que só será aceita se tiver sido aplicada com no mínimo 10 dias de antecedência e com menos de 10 anos. Caso você não tenha e vá viajar para algum desses lugares, providencie o quanto antes, pois podem recusar a sua entrada no país, ou nem mesmo embarcar se não tiver essa comprovação. No Brasil há apenas a recomendação para se tomar a vacina.
Para comprovar que está com a vacinação atualizada, o viajante deve ter o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia(CIVP). Saiba como obte-lo aqui.
Existindo contra indicação à vacinação, deve ser fornecido o Atestado ou Certificação de Isenção de Vacinação.
Apesar de ser a vacinação contra a Febre Amarela, a única que de fato é exigida por alguns países, é bom ter o calendário vacinal atualizado e não esquecer de fazer uma pesquisa sobre as recomendações ou exigências de outras vacinas e requisitos sanitários na embaixada do país de destino (aqui).
A ANVISA disponibiliza no seu site informações sobre os locais onde são fornecidos o CIVP e no site da Organização Mundial da Saúde há informações atualizadas sobre o que está ocorrendo em termos epidemiológicos a nível mundial, e a lista dos países que exigem o CIVP.

Características e Esquema: A vacina é feita com vírus vivo atenuado e aplicada por via subcutânea em uma dose, com validade de 10 anos.
Eventos Adversos: Pode haver reação febril pos vacinal e raramente uma doença grave até 7 dias de sua aplicação.
Contra-indicações: Deve-se avaliar de forma particular (gestantes, menores de 9 meses, imunodeprimidos ou fazendo uso de corticóides por tempo prolongado, alergia à ovo, idosos).
Atualizando: Em 2014 a OMS aprovou a validade da vacina para a vida toda. Requisito que entrará em vigor em julho de 2016.
Outra doenças que podem ser prevenidas

Características e Esquema: Contem virus inativado. Pode ser aplicada a partir de 1 ano de idade, via intramuscular, em duas doses com intervalo mínimo de 6 meses (praticamente 100% de eficácia). No caso de viajantes é recomendada a aplicação com pelo menos 2 a 4 semanas antes do início da viagem.
Eventos Adversos: Raros (menos de 5%). Reações locais são as mais comuns, até 24 após a aplicação.
Contra-indicações: Alergia grave (anafilaxia) a um dos componentes da vacina. Menores de 1 ano e gestantes.
Apesar da vacina não ser obrigatória é recomendada a quem se dirige para países onde as condições de saneamento e higiene são precárias (América Central e Latina, África, regiões do centro e sul da Ásia e Oriente Médio).

Características e Esquema: Composta por material recombinante, proteínas (sem organismos vivos). Pode ser aplicada a partir do nascimento, via intramuscular e em 3 doses (0, 1 mes, 6 meses). Vale ressaltar que em alguns casos é necessário fazer reforço, caso após as três doses não tiver adquirido imunidade, comprovada com exames sorológicos. Este foi o meu caso, somente na 4º dose fiquei imunizada. Cerca de 100% de eficácia a partir de 15 dias com duração estimada para 10 anos.
Eventos Adversos: Poucos e limitados ao local de aplicação.
Contra-indicações: hipersensibilidade à vacina.
É recomendada a viajantes que se dirigem a países tropicais e subtropicais e que vão se sumeter a atividades de risco para a infecção, como também a profissionais da área de saúde e a quem pratica relação sexual sem proteção.

Características e Esquema: Vacina inativada em dose única, via intramuscular ou subcutânea, caso o indivíduo permaneça em risco ou volte a se expor ao risco, deve ser feita a revacinação a cada 3 anos (o poder imunogênico é pequeno). Indicada a partir do segundo ano de vida.
Eventos Adversos: Leves e locais, com resolução em 48 horas. Anafilaxia(raro).
Contra-indicações: Hipersensibilidade a algum componente da vacina (anafilaxia).
É recomendada para quem viaja a países com condições de higiene e saneamento precários e onde adoença ocorre endemicamente ou em surtos.


Tétano =>doença causada por bactéria que contamina pregos, pedaços de telha ou outros materiais que estejam em contato com o solo e possam causar ferimentos. O tétano pode ocorrer em qualquer lugar do mundo. Portanto é recomendada para todos os viajantes.
Características e Esquema: É feita com o toxóide tetânico (não é agente vivo). A vacina geralmente combinada (contra difteria) é feita em 3 doses (0, 2 e 6 meses de intervalos). Reforço aos 15 meses e entre 4 a 6 anos. A partir daí a cada 10 anos (dtpa ou dt), porém se houver ferimento grave deve repetir uma dose se já tiver feito 5 anos da última.
Eventos Adversos: Local (dor, edema hiperemia) local e febre são as mais comuns. Raramente pode ocorrer(irritação, choro intenso, síndrome hipotônica-hiporresponsiva).
Contra-indicações: Hipersensibilidade à vacina. Encefalopatia até o 7º dia após a vacinação(dTpa e DTPa). Após os 7 anos (DTPa). Quadro febril agudo.
Apresentação:
-Tríplice Bacteriana Acelular do Adulto (dTpa – difteria/ tétano/ coqueluche)-> Usada a partir dos 4 anos.
-Tríplice Bacteriana Pediátrica Acelular (DTPa – Difteria/ Tétano/ Coqueluche)-> de 2 meses até 7 anos.
-Antitetânica e Antidiftérica (dt) – Dupla Bacteriana do tipo Adulto->usada a partir dos 7 anos.

Características e Esquema: É virus inativado, via intramuscular em 2 doses (0 e 28 días). Tem efeito a partir de 7 dias ( por 1 a 2 anos) e eficacia superior 99 % após a segunda dose. Requer um reforço entre 12 e 24 meses.
Contra-indicações: Hipersensibilidade à vacina, gestante e lactante, menores de 17 anos, doença aguda grave e alergia a alumínio.
Eventos Adversos: cefaleia (20%) e dolores musculares (13%)
Há outra vacina inativada disponível para maiores de 1 ano. São 3 doses (0, 7 e 30 dias).
A Ásia é a área de maior risco. A vacina é recomendada para quem se dirija a região endêmica e permaneça por mais de 30 dias, ou menos, mas em região rural e vão ficar muito tempo ao ar livre, ou se houver um surto.

Malária => o microrganismo é transmitido pela picada do mosquito contaminado.
Não há vacina eficaz, existe o tratamento, porém o melhor é prevenir a picada de insetos (repelentes, mosquiteiros, inseticidas) quando se deslocar para regiões endêmicas (Amazônia, África subsaariana). Mas aparecendo febre, não exite, procure assistência médica rapidamente.

Características e Esquema: Crianças a partir dos 2 meses (3 doses, aos 2*, 4* e 6** meses de idade), um reforço aos 15 meses e outro reforço aos 4-5 anos.
Indivíduos que viajarão para áreas de risco: dose única de vacina contendo VIP.
*VIP Vacina inativada injetável (IM) disponível apenas na rede pública para as doses de 2 e 4 meses de idade e nos Centros de Referencia em Imunobiológicos Especiais (CRIE), para situações específicas. Formulação isolada não está disponível na rede privada, mas tem disponível em formulações combinadas com outras vacinas, tanto para crianças como para adultos
**(VOP ou Sabin) Vacina oral viva contra a poliomielite só está disponível no sistema público, na rotina de vacinação para crianças a partir de 6 meses e campanhas.
Vacinas combinadas
dTpa+VIP: Tetra com polio para crianças a partir de 4 anos, adolescentes e adultos (Tríplice +pólio injetável)
DTPa+VIP: Tetra com polio infantil (Tríplice +pólio injetável)
dTPa + Hib + VIP: Quíntupla (Tríplice bacteriana acelular+ Hemófilo b + pólio injetável)
dTPa + Hib + VIP + Hepatite B: Sextupla: (Tríplice + Hemófilo b + pólio injetável + hepatite B)

Meningite meningocócica => Grave doença bacteriana de distribuição mundial, podendo ocorrer em surtos ocasionais e epidemias.
Características: Existem dois tipos de vacinas feitas com partes ou fragmentos das bactérias: as conjugadas e as polissacarídicas (mais baratas; mas não podem ser aplicadas a menores de 2 anos; não induzem memória imunológica,necessitando de reforço em 3 anos e com maiores efeitos colaterais). Aplicação intramuscular.
Vacinas conjugadas contra meningococo C , contra o meningococo B e a tetravalente (grupos A, C, Y y W).
Esquema:
Meningocócica conjugada ACWY* (preferencialmente): três doses no primeiro ano de vida (aos 3, 5 e 7 meses de idade), com doses de reforço entre 12-15 meses e aos 5 e 11 anos. Para adolescentes: duas doses com intervalo de 5 anos. Para adultos: dose única, mas outras doses de reforço poderão ser recomendadas a critério médico, a partir da análise de risco (epidemias, surtos etc.). Caso não seja possível, utilizar a Vacina meningocócica C: (duas doses aos 3 e 5 meses) e com mesmas recomendações para as doses de reforço.
Vacina meningocócica B: três doses no primeiro ano de vida (aos 3, 5 e 7 meses), uma dose de reforço entre 12 e 15 meses; Se for iniciada acima de 7 meses (2 doses com intervalo de 2 meses) e reforço entre 12 e 15 meses de idade, com intervalo mínimo de 2 meses da última dose. Crianças entre 12 meses e 10 anos de idade (2 doses com intervalo de dois meses). Crianças a partir de 11 anos, adolescentes e adultos (2 doses com intervalo de um mês)
*Existem duas vacinas (A, C, Y y W), uma licenciada a partir de 1 ano de idade e outra a partir de 2 meses de idade. É a vacina recomendada para a imunização de adolescentes, adultos e de viajantes para regiões onde os tipos A, C, W e/ou Y apresentam alta endemicidade.
Eventos Adversos: geralmente locais (dor, calor, enduração, vermelhidão) nas 24/72 horas seguintes à aplicação. Pode ocorrer febre e dor de cabeça.
Contra-indicações: alergia grave (anafilaxia) a um dos componentes da vacina. Quadro febril agudo.
A África é onde se encontra o maior número de casos, especialmente na região semi-árida sub-Saariana, conhecida como “cinturão da meningite” (Quénia, Uganda, República Centro‐Africana, Camarões, Nigéria, Costa do Marfim, Gâmbia, Guiné, Togo, Benin, Senegal, Mali, Níger, Chade, Sudão, Etiópia, Eritreia e Guiné Bissau e Burquina Fasso). Aos viajantes que se dirigem para essas áreas endêmicas, é recomendada a vacinação, de preferência, com a vacina tetravalente (A+C+Y+W135) pelo menos 14 dias antes de viajar.

Em 2002, o governo da Arábia Saudita passou a exigir a vacina antimeningocócica tetravalente, para concessão de vistos aos peregrinos que se dirigem à Meca.

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