Pular para o conteúdo principal

As Huacas de Lima


Estive a primeira vez no Peru em novembro de 2011, quando estava a percorrer "Os Caminhos Andinos". Lima foi a última cidade visitada e, confesso, não dei a devida atenção que ela merecia, apesar de ter gostado do que vi por lá. Desta vez, antes de seguir para o norte do país, dediquei três dias inteiros para a terceira maior cidade da América do Sul.


...A viagem de São Paulo a Lima foi tranquila, amanhecia quando aterrissamos no Aeroporto Internacional Jorge Chaves e como havia reservado um transfer com antecedência, fiz os trâmites de imigração e troquei 100 dólares por soles sem pressa.

...Apesar de cedo, o trânsito desorganizado de Lima já estava a todo vapor. Buzinas para todo lado e cada um querendo tomar a frente, sem muita paciência. Mas cerca de meia hora depois já estava no hotel, em Miraflores. Como só poderia ocupar os aposentos após as 14 horas, fiz o check in, guardei minha pequena bagagem na recepção e tomei o café da manhã, antes de começar minha visita pelas atrações da cidade.


...Escolhi para o primeiro dia ficar pelos bairros de Miraflores, San Isidro e Barranco. Pensei em ir a  Pachacamac, mas resolvi visitar duas outras Huacas mais próximas, Huaca Huallamarca, em San Isidro e Huaca Pucllana, em Miraflores.


Até 200 a. C a costa central do Peru era habitada por grupos sociais que compartilhavam a mesma cultura, língua e crenças. O vale do rio Rimac se destacou com a construção de pirâmides escalonadas, construídas com pequenos tijolos (adobes) irregulares, feitos a mão. Esses edifícios tinham funções sagradas, cerimoniais e administrativas. Atualmente se pode visitar, em San Isidro, a Huaca Huallamarca.


Após um período de abandono, a área passou a ser utilizada como cemitério de outras culturas entre o século 3 e 15 da nossa era. Esses povos utilizaram diferentes práticas para enterrar seus mortos, de fardos funerários em posição fetal, a corpos  adornados com falsas cabeças talhadas ou de tecido pintado. Foram encontradas oferendas compostas por utensílios de cerâmica, tecidos e alimentos.


...Após a visita ao pequeno Museu, onde estão algumas múmias e artefatos que foram encontrados no lugar, subi até o topo da pirâmide e me deparei com o passado cercado pela urbanização do presente.



...Perto dali, de taxi, cheguei à Huaca Pucllana, em Miraflores. Após comprar o ingresso, fui encaminhada para o local onde estava o guia com um grupo, já iniciando a visita. Em pleno meio dia, sentíamos o efeito do inclemente dia seco e quente de Lima.


Esse sítio arqueológico teve três ocupações pré-hispânicas bem definidas. Inicialmente pela cultura Lima (século 4 a 7) como centro cerimonial; seguiu-se a ocupação Huari, que o utilizou como cemitério e por fim, a cultura Ychsma, que o utilizou como lugar para oferendas, cemitério e aldeia.



Em cerca de uma hora fizemos um circuito onde nos foi mostrado diversos espaços com manequins em tamanho natural recriando cerimônias, rituais e fabricação de tijolos pela cultura Lima; tumbas da cultura Wari (Huari) e ritual de oferenda da cultura Ychsma.







A Huaca Pucllana também está encravada em plena zona urbana.


...Finalizada a visita, novamente de taxi, eu me dirigi até o Larcomar, onde aproveitei para tomar um café e comprar o bilhete para o city tour por Barranco e Miraflores pela Turibus.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Arte Cusquenha

Ao conquistar Cusco em 1534, os espanhóis não só iniciam mudanças profundas na história política do Império Inca, como também transformações na história da arte americana. O encontro de duas culturas fez surgir uma nova expressão artística, tendo a pintura colonial desenvolvida na cidade peruana de Cusco como resultado da confluência da tradição barroca trazida pelos colonizadores espanhóis com a arte dos indígenas americanos. Com o objetivo de catequizar os incas, muitos missionários partem para a colônia para converter a alma pagã à religião católica. Para isso utilizaram a pintura como arte eclesiástica. Assim escolas foram criadas, dando origem ao primeiro centro artístico pictórico das Américas. A grande maioria das obras da Escola de Cusco se refere a temas sacros, onde a imagem aliada à palavra seria o único meio de difundir o catolicismo. Assim estão presentes nas obras a glorificação de Jesus, a Virgem Maria e santos, o Juízo Final com as glórias do Paraís

Os Megalitos de Tiwanaku

Principal sítio histórico da Bolívia, declarado Patrimônio Cultural da Humanidade em 2000 pela Unesco. As ruínas são de uma das mais importantes civilizações pre-colombianas que se desenvolveu no Altiplano Boliviano. Apesar de ainda ser controverso, acredita-se que esse povo tenha surgido de uma aldeia que vivia da agricultura baseada em plataformas de cultivo  por volta de 1200 a.C. Teve o seu apogeu entre o século  5 e 10 da nossa era, quando desenvolveu a metalurgia (uso do cobre na produção de ferramentas) e o comércio. Não se sabe o motivo, mas teria desaparecido definitivamente no século 12. Especula-se que a ocorrência de alterações climáticas tenham contribuído para a sua extinção. Mesmo assim os demais povos do Altiplano, inclusive os incas, tiveram forte influência dessa cultura. Durante séculos o poderoso império que dominou o altiplano construiu um sofisticado complexo arquitetônico, parte dele representado pelas ruínas hoje expostas. O aspecto monum

Uxmal, obra-prima da Arquitetura Maia

Pouco se sabe da origem dessa cidade-estado maia, no entanto se conhece como a época do seu apogeu a última fase do Período Clássico (entre 800 e 1000 d.C.), quando as poderosas cidades-estados maias, Palenque, Copán e Tikal, estavam sendo gradativamente abandonadas. Poderosa, Estendeu seu domínio até as cidades vizinhas de Kabah, Labná, Xlapac e Sayil, juntas se destacaram no emprego de uma arquitetura refinada e elegante, conhecida como "estilo puuc". Acredita-se que Uxmal foi o centro que alcançou o maior desenvolvimento político e econômico da área puuc. Ao contrário de outras regiões da Península de Yucatán, não possuía cenotes e havia escassez de água, podendo ser esse o motivo de tantas esculturas dos deus da chuva, Chac,  nas fachadas de suas construções, atestando a importância desse culto. De todos os sítios maias, esse foi o que achei mais fascinante. É notável a mistura estilística, onde estão presentes elementos maias e toltecas (expressa