Pular para o conteúdo principal

Em Valparaíso, La Sebastiana


Das três as casas do poeta Pablo Neruda, no Chile. La Sebastiana  é a que se encontra em Valparaíso. Encarapitada no alto de um morro nos permite uma magnífica vista da baia quando nos deparamos com seus enormes janelões envidraçados.


Valparaíso, como cidade portuária foi fundada em 1544 pelo espanhol Pedro de Valdívia, era escala obrigatória de navios que faziam a rota entre o Oceano Pacífico e o Atlântico, cruzando o Estreito de Magalhães, antes da construção do canal do Panamá. Hoje não tem a importância de outrora, mas as marcas dessa época ficaram em sua arquitetura e ainda é um importante porto chileno.


Em 2002 estive por dois dias em Valparaíso e Viña del Mar (cidade vizinha), quando ficamos hospedadas nesta última. Dessa vez a visita seria rápida, pois o objetivo era conhecer a outra casa do poeta Pablo Neruda, La Sebastiana.


Ao final da visita a La Chascona,  casa de Pablo Neruda na capital chilena, a funcionária da lojinha da casa-museu me orientou como chegar a Valparaíso de ônibus.


Bastou seguir para a estação de metrô mais próxima e dali até a estação Universidade de Santiago, onde estava um terminal rodoviário da TurBus.  Em menos de duas horas, a bordo de um simples mas confortável ônibus cheguei em Valparaíso, cerca de 120 km da capital, na costa do Pacífico.


A viagem foi tranquila, a rodovia está bem conservada e ao longo do caminho nos deparamos com várias vinícolas à beira da estrada, cuja visita pode ser agendada.





Na rodoviária de Valparaíso, fiz câmbio em um dos caixas, informei-me sobre os horários de ônibus para Santiago e optei por contratar um taxi para me deixar na Casa-Museu La Sebastiana.


A casa, com corredores estreitos e sinuosos, possui cinco andares por onde estão distribuídos os inúmeros objetos, obras de arte e móveis acumulados pelo poeta colecionador. O colorido e exotismo que há ali é a expressão da personalidade de Neruda, que começou a utilizar a residência a partir de 1961, especialmente para comemorar as festas de final de ano.


É possível percorrer todos os cômodos da casa e há a opção de se alugar um audioguia (ha em vários idiomas, inclusive português), que vai fornecendo as informações, à medida que se passa por determinado ambiente e objetos ali em exposição.

***
Capital Legislativa da República do Chile, Valparaíso se encontra dependurada numa encosta rochosa e apresenta uma geografia marcante, onde sua população se distribui por dezenas de cerros e utilizam elevadores para percorrerem as inclinadas ladeiras. Gostaria de ter utilizado algum deles, mas o tempo foi curto e antes de me deixar a porta de La Sebastiana, o taxista fez uma breve parada em um mirante para que eu apreciasse a paisagem.


Apesar do aspecto um tanto desorganizado, as casas coloniais e coloridas dão um toque diferenciado à cidade que se encontra pendurada numa encosta rochosa. O conjunto foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.


Depois da visita, parei no café para um pequeno lanche, já que não tinha almoçado. Em seguida fui até a esquina da rua e peguei um ônibus local para chegar à rodoviária, de onde voltei para Santiago.




Onde| Ferrari, 692 - Valparaíso
Quando| 3ª a dom. (10 às 18 h)
Quanto| 6.000 pesos chilenos (novembro/2016)

Site Oficial de Valparaíso


  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A caminho do Peru pela Rodovia do Pacífico

No início do século XX, o então chefe da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus, engenheiro Euclides da Cunha, desembarcou na Amazônia com o objetivo de demarcar os limites territoriais nas longínquas fronteiras com o Peru. O autor de Os Sertões já vislumbrava a possibilidade da unificação do continente sul americano por meio de uma rodovia que ligasse o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico. No entanto, isto só se tornaria possível um século depois, com o esforço conjunto dos governos brasileiro e peruano na execução de uma ambiciosa obra que tem o nome oficial de Corredor Viário Interoceânico Sul. Apesar das adversidades, o homem andino, em diferentes épocas, conseguiu estabelecer diversas vias de comunicação. Estradas de ferro pelas encostas das montanhas e rodovias conservadas, outras nem tanto, mas que conseguem superar grandes altitudes. Porém, ainda é possível encontrar em algumas regiões, caminhos que não são mais que um rast...

A Arte Cusquenha

Ao conquistar Cusco em 1534, os espanhóis não só iniciam mudanças profundas na história política do Império Inca, como também transformações na história da arte americana. O encontro de duas culturas fez surgir uma nova expressão artística, tendo a pintura colonial desenvolvida na cidade peruana de Cusco como resultado da confluência da tradição barroca trazida pelos colonizadores espanhóis com a arte dos indígenas americanos. Com o objetivo de catequizar os incas, muitos missionários partem para a colônia para converter a alma pagã à religião católica. Para isso utilizaram a pintura como arte eclesiástica. Assim escolas foram criadas, dando origem ao primeiro centro artístico pictórico das Américas. A grande maioria das obras da Escola de Cusco se refere a temas sacros, onde a imagem aliada à palavra seria o único meio de difundir o catolicismo. Assim estão presentes nas obras a glorificação de Jesus, a Virgem Maria e santos, o Juízo Final com as glórias do Paraís...

Os Incas

Passado o grande dilúvio, o deus criador fez surgir do alto de uma montanha nas proximidades do Lago Titicaca oito irmãos (quatro homens e quatro mulheres), que juntos caminharam pelos Andes conquistando as terras e dominando os povos que aí existiam. Não sendo oito irmãos, teriam sido dois: Manco Capac e Mama Ocllo. Os primeiros a serem criados pelo deus sol com a função de fundar o reino. Não sem antes peregrinarem até que o bastão de ouro de Manco Capac ficou totalmente encravado na terra. Ali surgiria o centro do Império Inca, o “umbigo do mundo”, onde hoje é a atual Cusco (Qosqo, em quéchua). Na ausência de relatos escritos, a imaginação vai ocupando seu espaço e surgem lendas para contar a origem do Império Inca. Porém, o mais provável é que possam ter sido aldeias, personificadas nas lendárias figuras, que em dado momento se uniram e deram origem ao povo inca. Ou até mesmo que lá chegaram quando já existiam outros povos em seus ayllus (aldeias de ...