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No final do Século XIX, auge do ciclo da borracha, embalada pela riqueza advinda do látex, produto muito valorizado pelas indústrias europeias e americanas, Manaus era uma das mais prósperas cidades do planeta. Para consagrar essa época foram construídos vários prédios e casarões em estilo “Belle Époque” E como tal, a cidade necessitava de um teatro onde as companhias de espetáculos estrangeiras pudessem se apresentar.
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O Teatro Amazonas teve sua pedra fundamental lançada em 1884. Porém as obras transcorreram de forma lenta e somente em 31 de dezembro de 1896 foi inaugurado. Para sua construção foram trazidos arquitetos, construtores, pintores e escultores da Europa. De lá também vieram de navio e em partes, quase todas as composições.
O Salão Nobre, área mais luxuosa, ficou sob a responsabilidade do artista italiano Domenico de Angelis. Tem características barrocas e o destaque é a pintura do teto, denominada “A Glorificação das Bellas Artes na Amazônia”. Para seu acesso é necessário calçar pantufas, tamanha é a preocupação com a preservação do piso original, composto por 12 mil peças de madeira encaixadas, sem cola ou pregos e onde ainda se podem evidenciar arranhões atribuídos aos saltos dos sapatos das damas ao dançar.
Do Salão Nobre se abrem portas para uma varanda de onde se pode apreciar, no horizonte, o Rio Negro.
A Sala de Espetáculos do teatro com capacidade para 700 pessoas, distribuídas entre a platéia e os três andares de camarotes, tem no teto abobadado afixadas quatro telas pintadas em Paris pela Casa Carpezot (a mais tradicional da época), onde são retratadas alegorias à música, à dança e à tragédia, além de uma homenagem ao grande compositor brasileiro Carlos Gomes. A pintura simula a Torre Eiffel vista de baixo para cima. É dali que pende um lustre dourado com cristais de Veneza.
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No pavimento térreo as colunas estão ornamentadas com máscaras em homenagem ao Teatro Grego com os nomes de artistas consagrados na música, no teatro e na literatura, como Ésquilo, Aristófanes, Moliére, Rossini, Mozart, Verdi, entre outros. O pano de boca do palco, autoria do pernambucano Crispim do Amaral, faz referência ao encontro das águas dos rios Negro e Solimões. As grades de ferro que compõem os camarotes e balcões são francesas.
Há mármores italianos por todos os lados. Só a madeira é brasileira, mas precisou ir para Londres onde foi tratada e entalhada. Como o Teatro tem outros ambientes concebidos com diferentes materiais, seu estilo é considerado eclético.
A cúpula é composta de 36 mil peças de escamas em cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas, vindas da Alsácia. Foi adquirida na Casa Koch Frères, em Paris. A pintura ornamental é da autoria de Lourenço Machado. O colorido original, em verde, azul e amarelo é uma analogia à exuberância da bandeira brasileira.
Em virtude do seu valor arquitetônico e, principalmente, pela sua importância histórica, prova viva da prosperidade e riqueza vividas em uma época, foi tombado como patrimônio histórico em 1966. Nos meses de abril e maio o Teatro abre as portas para o Festival Amazonas de Ópera.
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