Nasceu no cais, a partir de um ancoradouro e se expandiu com o surgimento dos primeiros bairros na vizinhança. Dos engenhos de cana de açúcar do entorno e ao lado do Rio Capibaribe, mais bairros foram criados.
Assim vai surgindo o Recife, olhando para o mar, vizinho de canaviais, envolvidos por braços de rios, mangues e alagados, uma verdadeira Veneza, habitada por pescadores, marinheiros e mercadores de passagem, mas apenas um povoado pertencente a Olinda, onde se localizava o centro do poder e riqueza da capitania de Pernambuco, governada por Duarte Coelho.
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Frans Post |
Com o solo pouco apropriado para o plantio, a cidade cresceu com as atividades mercantis, tendo no porto a garantia para escoamento da produção açucareira e entrada de outras produtos.
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Frans Post |
Era época do Mercantilismo, onde a riqueza de uma nação era medida pelo sucesso da sua balança comercial, o açúcar e o pau-brasil presentes nas costas pernambucanas eram a cobiça de piratas, muitos deles patrocinados por nações europeias.
A cidade se emancipou, cresceu e se fortificou. O porto com seus arrecifes, uma excelência na época, passou a ser um lugar estratégico para negócios e no final do século 16 tinha se tornado o de maior movimento da colônia, atraindo o interesse da Holanda, que invadiu Pernambuco com o propósito de se apossar das suas riquezas.
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Albert Eckhout |
Os holandeses procuraram conciliação conquistando a credibilidade do povo e até dos proprietários de engenho. Durante esse domínio foi nomeado governador o Conde Maurício de Nassau, militar amante das artes que, com o intuito de melhorar as condições da população, empreendeu melhorias urbanas e culturais na cidade. Com ele vieram pintores (Frans Post, Eckhout) e arquitetos. A cidade adquire ares de modernidade, onde foi instalada a capital do Recife Holandês, Mauritsstad ou Maurícia.
Visitando o Recife Antigo
O tempo de Nassau ficou na memória histórica e muito se pode ver desse início do Recife através de um passeio pelos bairros mais antigos.
Com a ocupação holandesa em 1630, que durou 24 anos, teve início a urbanização. Das 3 ilhas que compõe a parte mais antiga da cidade: Boa Vista, Santo Antônio e Recife, esta última conhecida como Recife Antigo, tem na Rua Bom Jesus, antiga Rua dos Judeus, boa parte do casario do século 17 restaurado.
Nessa rua foi construída a primeira sinagoga das Américas, Kahal Zur Israel, hoje o Centro Cultural Judaico de Pernambuco, onde se pode ver antigas paredes e piso, como também o mikvê, espécie de piscina para os rituais dos judeus europeus que para cá vieram por conta da perseguição durante a Inquisição.
Alguns deles teriam sido os fundadores da cidade americana de NY, nos EUA, quando daqui se foram após a expulsão dos holandeses.
Nas imediações se encontra a Torre Malakoff, construída em 1855 para abrigar o primeiro observatório astronômico das Américas e portão de entrada da cidade para quem chegava pelo mar. Atualmente é um espaço para exposições temporárias de artes e fotografia.
Na praça Barão de Rio Branco está o Marco Zero, local onde teria nascido a cidade e ponto inicial das estradas de Pernambuco. Com uma grande área ao ar livre é o palco de grandes manifestações e eventos como o espetáculo da Paixão de Cristo, o Baile do Menino Deus (espetáculo popular que conta a história do nascimento de Jesus) e o Carnaval.
No ponto central da praça há um painel que representa a rosa-dos-ventos, uma obra do pintor pernambucano Cícero Dias e que faz parte do projeto “Eu Vi o Mundo…Ele Começava no Recife”, que permitiu ao artista representar a origem de tudo a partir da capital pernambucana.
Do Marco Zero, olhando-se em direção ao mar, avista-se sobre uma linha de arrecifes o Parque das Esculturas. São obras do artista Francisco Brennand ali colocadas na comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil, em 2000. A maior delas, Coluna de Cristal, tem 32 metros e como várias obras do artista, foi alvo de polêmicas em virtude do seu formato.
Por barco se pode chegar até o parque, a partir do Marco Zero. Mas se não quiser atravessar, admirar a bela paisagem também é uma boa opção.
A melhor forma para se conhecer o Recife Antigo é caminhando. No entanto, um passeio pelo rio é uma maneira diferente de você apreciar o Centro Histórico, as pontes e o movimento da cidade ao entardecer. A dica é utilizar um dos roteiros do Catamaran.
A área em torno do Marco Zero/Cais da Alfândega está passando por um processo de revitalização, iniciado com a inauguração do Paço Alfândega em 2003, shopping às margens do rio Capibaribe que ocupou o antigo prédio da Alfândega de Pernambuco. Neste complexo destaco a Livraria Cultura.
Ao lado do Paço Alfândega se encontra a Igreja da Madre de Deus, concluída em 1720, mas com traçado original de 1679. Composta por uma nave e seis capelas laterais. Em 1970, a talha barroca do século 18 que adorna a capela-mor foi destruída por um incêndio, mas recuperada. Na sacristia se encontra um belo lavabo com mármore de Estremoz.
Para ter um bonito visual do final da tarde , o terraço do Paço Alfândega é uma ótima escolha.
Um pouco mais do Recife
- Instituto Ricardo Brennand
- A Casa da Cultura e o Mercado São José
- Circuito pelas Igrejas
- Museu Oficina Francisco Brennand
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