Pular para o conteúdo principal

Os Incas


Passado o grande dilúvio, o deus criador fez surgir do alto de uma montanha nas proximidades do Lago Titicaca oito irmãos (quatro homens e quatro mulheres), que juntos caminharam pelos Andes conquistando as terras e dominando os povos que aí existiam.

Não sendo oito irmãos, teriam sido dois: Manco Capac e Mama Ocllo. Os primeiros a serem criados pelo deus sol com a função de fundar o reino. Não sem antes peregrinarem até que o bastão de ouro de Manco Capac ficou totalmente encravado na terra. Ali surgiria o centro do Império Inca, o “umbigo do mundo”, onde hoje é a atual Cusco (Qosqo, em quéchua).

Na ausência de relatos escritos, a imaginação vai ocupando seu espaço e surgem lendas para contar a origem do Império Inca. Porém, o mais provável é que possam ter sido aldeias, personificadas nas lendárias figuras, que em dado momento se uniram e deram origem ao povo inca. Ou até mesmo que lá chegaram quando já existiam outros povos em seus ayllus (aldeias de origem familiar), sobre os quais, posteriormente, iriam estabelecer seu domínio.


Acredita-se que os incas apareceram na região por volta de 1.000 d.C. Período em que o vale estava habitado por pequenas comunidades. É provável que tenham se apropriado de conhecimentos, tecnologias e formas administrativas dos povos que dominaram. Mas, sem dúvida foram mestres na arte de organizar e mobilizar uma grande quantidade de mão de obra para a execução das grandes obras que até hoje nos impressionam. Abriram caminhos para o transporte das tropas, mercadorias e informações; construíram terraços de cultivo, possibilitando a formação de excedentes agrícolas.


 Apesar de não possuírem escrita, mantiveram um sistema de registro que armazenava dados, quipus (cordas com diferentes cores e quantidades de nós, representantes dos dados que seriam armazenados). As suas informações, transmitidas por relatos orais e por isso passíveis de equívocos, só passaram a ser escritas no período em que conviveram com os invasores espanhóis. Já que a crônica da conquista foi feita desde o início, com a chegada de Pizarro.
Os incas viveram como uma tribo igual a tantas outras, disputavam terras, invadiam, eram invadidos e faziam alianças até se sobressaírem dominando os mais fracos ao seu redor.


A história oral dos incas cita 13 imperadores. Porém registros mais precisos se referem aos feitos dos últimos sete. O período áureo se inicia com a guerra contra os Chancas. Com a chegada ao poder de Pachacutec, 9° inca, deu-se origem a expansão territorial do império e se tem o início das grandes construções de Cusco.


Em apenas um século, os incas construíram não só o maior império da América pré-colombiana como também um dos mais poderosos da história. Apesar das dúvidas de sua origem, o fato é que estabeleceram na América do Sul um império que se estendia do norte da Argentina ao Equador, controlado a partir de Cusco.


O Império Inca ou Tahuantisuio (quatro partes do mundo, em quéchua) era constituído por diferentes grupos étnicos submetidos à Cusco por tratados ou alianças muitas vezes impostos pela política de “reciprocidade” (a anexação era feita pela livre aceitação ou pela guerra). Com essa ideologia imperialista e militarista, além da rígida estrutura social, muitas vezes deslocavam populações inteiras para impedir o surgimento de lideranças locais. Outras medidas para coibir rebeliões foi a conversão ao culto oficial do “deus sol” e a adoção da língua quéchua pelos que foram dominados. Assim, assegurava-se o controle total do poder divino do imperador, o Inca.


O Inca era considerado a própria encarnação do deus-sol, os seus súditos, os Filhos do Sol.

O declínio do Império dos Filhos do Sol


Em 1532 Atahualpa, filho ilegítimo do último inca, disputava o poder com seu meio-irmão, Huascar, com quem teve que dividir o império após a morte do pai.



Começava uma desastrosa guerra civil pelo controle do reino, que favoreceu a ação dos invasores espanhóis em número muito menor, mas que tiveram o apoio de grupos étnicos insatisfeitos com a submissão aos incas.



Em busca do “El Dorado” Francisco Pizarro obteve autorização do rei espanhol para invadir o Peru, o lendário reino rico em ouro e prata. E com um ato de traição aprisionou e executou Atahualpa.

Para legitimar os planos de conquista de Pizarro, sobe ao trono Manco Inca, um imperador fantoche, que ao perceber a artimanha do espanhol, inicia uma revolta, mas já era tarde.



Os incas são obrigados a se refugiarem nas montanhas de Vilcabamba e formam um governo paralelo, que sobrevive até 1572, quando é morto Tupac Amaru, o último imperador inca.



A ganância gerou divergências entre Pizarro e seu aliado, Almagro, culminando com o assassinato de ambos. Mas, estava conquistada a América e os nativos definitivamente derrotados. Impõem-se a língua e a religião espanhola no continente.



Ilustrações retiradas da Internet

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Uxmal, obra-prima da Arquitetura Maia

Pouco se sabe da origem dessa cidade-estado maia, no entanto se conhece como a época do seu apogeu a última fase do Período Clássico (entre 800 e 1000 d.C.), quando as poderosas cidades-estados maias, Palenque, Copán e Tikal, estavam sendo gradativamente abandonadas. Poderosa, Estendeu seu domínio até as cidades vizinhas de Kabah, Labná, Xlapac e Sayil, juntas se destacaram no emprego de uma arquitetura refinada e elegante, conhecida como "estilo puuc". Acredita-se que Uxmal foi o centro que alcançou o maior desenvolvimento político e econômico da área puuc. Ao contrário de outras regiões da Península de Yucatán, não possuía cenotes e havia escassez de água, podendo ser esse o motivo de tantas esculturas dos deus da chuva, Chac,  nas fachadas de suas construções, atestando a importância desse culto. De todos os sítios maias, esse foi o que achei mais fascinante. É notável a mistura estilística, onde estão presentes elementos maias e toltecas (expressa...

A caminho do Peru pela Rodovia do Pacífico

No início do século XX, o então chefe da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus, engenheiro Euclides da Cunha, desembarcou na Amazônia com o objetivo de demarcar os limites territoriais nas longínquas fronteiras com o Peru. O autor de Os Sertões já vislumbrava a possibilidade da unificação do continente sul americano por meio de uma rodovia que ligasse o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico. No entanto, isto só se tornaria possível um século depois, com o esforço conjunto dos governos brasileiro e peruano na execução de uma ambiciosa obra que tem o nome oficial de Corredor Viário Interoceânico Sul. Apesar das adversidades, o homem andino, em diferentes épocas, conseguiu estabelecer diversas vias de comunicação. Estradas de ferro pelas encostas das montanhas e rodovias conservadas, outras nem tanto, mas que conseguem superar grandes altitudes. Porém, ainda é possível encontrar em algumas regiões, caminhos que não são mais que um rast...