Pular para o conteúdo principal

Veneza - As origens


À medida que atravessávamos a Ponte della Libertá, que liga o continente ao arquipélago veneziano, a paisagem não podia ser mais emblemática do que aquela que se apresentava à janela do trem, a cidade parecia brotar do fundo do mar.


E essa sensação permaneceu ao deixarmos a estação ferroviária Santa Lúcia e darmos de frente para o Grande Canal, a principal avenida aquática de quatro quilômetros de extensão, que tem as suas margens ocupadas por palacetes e igrejas, antigas construções que surpreendem nos seus detalhes carregados com o peso de muitos anos de história.


Cada vez mais me surpreendia com a Cidade Flutuante. As imagens que surgiam a cada instante me faziam refletir e relembrar os fatos históricos que levaram um conjunto de ilhotas a se transformar numa das mais prósperas e poderosas cidades italianas por muitos séculos.


As Origens
Veneza teria surgido por volta do século 5, quando alguns habitantes do continente, fugindo dos hunos, refugiaram-se nas ilhotas protegidas por um banco de areia na Laguna do Mar Adriático.


Aos poucos as ilhotas passaram a ser interligadas por pontes. Construções eram erguidas, tendo paus e pedras como base. De frente para o mar, os habitantes tiveram o seu caráter moldado e desenvolveram sua vocação para o comércio marítimo, que aliada a uma posição geográfica privilegiada, proximidade com o Oriente e a África, transformaram Veneza no maior centro comercial marítimo do mundo.


Até o século 10 a cidade foi parte do Império Bizantino. A partir daí se tornou uma republica independente, governada por um doge (duque). Economia próspera, gerou fortunas e também extravagâncias.


Aos poucos começa a mudar o cenário externo sem que o ducado se dê conta. Constantinopla é tomada pelos turcos, os espanhóis e portugueses descobrem novas rotas marítimas comerciais e a cidade começa a entrar em decadência, que culminou com a invasão por Napoleão no século 18. Pela primeira vez na sua história, Veneza foi conquistada por outra nação. O domínio francês não durou muito. Seguiu-se alguns anos sob o Império Habsburgo para, finalmente, em 1866, passar a fazer parte da Itália unificada.


Foram cerca de 1000  anos resistindo ao tempo, mantendo-se firme em sua beleza e mistério, da mesma forma que foi na época de seu maior esplendor.


 Fotografias das pintura do Canaletto (de domínio público).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A caminho do Peru pela Rodovia do Pacífico

No início do século XX, o então chefe da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus, engenheiro Euclides da Cunha, desembarcou na Amazônia com o objetivo de demarcar os limites territoriais nas longínquas fronteiras com o Peru. O autor de Os Sertões já vislumbrava a possibilidade da unificação do continente sul americano por meio de uma rodovia que ligasse o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico. No entanto, isto só se tornaria possível um século depois, com o esforço conjunto dos governos brasileiro e peruano na execução de uma ambiciosa obra que tem o nome oficial de Corredor Viário Interoceânico Sul. Apesar das adversidades, o homem andino, em diferentes épocas, conseguiu estabelecer diversas vias de comunicação. Estradas de ferro pelas encostas das montanhas e rodovias conservadas, outras nem tanto, mas que conseguem superar grandes altitudes. Porém, ainda é possível encontrar em algumas regiões, caminhos que não são mais que um rast...

A Arte Cusquenha

Ao conquistar Cusco em 1534, os espanhóis não só iniciam mudanças profundas na história política do Império Inca, como também transformações na história da arte americana. O encontro de duas culturas fez surgir uma nova expressão artística, tendo a pintura colonial desenvolvida na cidade peruana de Cusco como resultado da confluência da tradição barroca trazida pelos colonizadores espanhóis com a arte dos indígenas americanos. Com o objetivo de catequizar os incas, muitos missionários partem para a colônia para converter a alma pagã à religião católica. Para isso utilizaram a pintura como arte eclesiástica. Assim escolas foram criadas, dando origem ao primeiro centro artístico pictórico das Américas. A grande maioria das obras da Escola de Cusco se refere a temas sacros, onde a imagem aliada à palavra seria o único meio de difundir o catolicismo. Assim estão presentes nas obras a glorificação de Jesus, a Virgem Maria e santos, o Juízo Final com as glórias do Paraís...

Uxmal, obra-prima da Arquitetura Maia

Pouco se sabe da origem dessa cidade-estado maia, no entanto se conhece como a época do seu apogeu a última fase do Período Clássico (entre 800 e 1000 d.C.), quando as poderosas cidades-estados maias, Palenque, Copán e Tikal, estavam sendo gradativamente abandonadas. Poderosa, Estendeu seu domínio até as cidades vizinhas de Kabah, Labná, Xlapac e Sayil, juntas se destacaram no emprego de uma arquitetura refinada e elegante, conhecida como "estilo puuc". Acredita-se que Uxmal foi o centro que alcançou o maior desenvolvimento político e econômico da área puuc. Ao contrário de outras regiões da Península de Yucatán, não possuía cenotes e havia escassez de água, podendo ser esse o motivo de tantas esculturas dos deus da chuva, Chac,  nas fachadas de suas construções, atestando a importância desse culto. De todos os sítios maias, esse foi o que achei mais fascinante. É notável a mistura estilística, onde estão presentes elementos maias e toltecas (expressa...