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Uma tarde na Ilha do Sol


A Ilha fica na parte boliviana do Lago Titicaca, próximo a Copacabana. É a maior das 40 que lá existem. A imensidão azulada do Titicaca emoldurada pelos Andes com seus picos nevados (Cordilheira Real) é uma imagem fantástica. Um lindo passeio!


Diz a lenda que foi nessa ilha que o deus do sol, Viracocha, ordenou que seus filhos Manco Capac e Mama Ocllo começassem uma viagem em direção ao local onde dariam origem ao Império Inca. Por conta disso a ilha é considerada sagrada.


Atualmente é habitada por comunidades quéchuas e aimarás que vivem da pesca, da agricultura (cultivo em plataformas), da criação de lhamas e ovelhas, além do turismo.


Com 14 km², paisagens dignas de cartão postal, sítios arqueológicos e comunidades indígenas que preservam suas tradições ancestrais, a ilha é um a das maiores atrações da Bolívia.


Como ir|  Contratar uma agência de turismo para o transporte da lancha e um guia, em Copacabana, La Paz ou mesmo pela internet. Há passeios de meio dia, um dia inteiro ou pernoite.

Contratar o transporte no próprio porto, em Copacabana. Sai mais barato, mas se gasta muito mais tempo. É uma boa opção se for pernoitar na Ilha.
A ilha tem três povoados: Yumani, no sul, Cha'lla, no centro-leste e Challapampa, no norte. Todos estão ligados por trilhas bem sinalizadas.

***
Para fazer esse caminho pode ou não contratar guias e escolher a partir de qual lado começar. Caso leve bagagem é bom saber que as trilhas são íngremes e em alguns pontos se ultrapassa os 4.000 m.s.n.m. Portanto, o melhor é estar com pouco peso, apesar de que também se pode contratar carregadores.

Na parte norte : Desembarcando em Challapampa, por uma trilha se chega a Chinkana, complexo de ruínas com uma rocha sagrada, que segundo a lenda teria sido o local onde o deus Viracocha teria criado o sol e a lua.
  • Ruínas de Chinkana (labirinto) - com vários recintos em pedra, interligados.
  • Rocha Sagrada "Titi Khar'ka"(a pedra do puma)
  • Altar dos sacrifícios
  • Templo do Sol (conjunto de muros antigos)
Na parte sul 
  • Escalera del Inca - íngreme escadaria que liga a parte alta de Yumani ao porto.
  • Fuente del Inca (fonte com 3 saídas de água). Localizada na metade da escadaria, é uma clara demonstração dos conhecimentos hidráulicos avançados dos povos pre hispânicos.

  • Complexo Pilkokaina (conjunto de ruínas na subida da parte sul) - O Palácio Inca.

Como fui
Durante o planejamento montei um pacote com a Turisbus, que ficou encarregada do meu transporte para a Ilha. Inicialmente a ideia era pernoitar (cheguei a reservar um hostel) e só regressar no outro dia nos barcos comuns. Porém, como estava sentindo o efeito da altitude, resolvi ir e voltar no mesmo dia com a lancha que foi reservada para um pequeno grupo que estava hospedado no hotel Rosario.


Assim que cheguei ao hotel Rosario, proveniente de Puno (Peru), já estava me aguardando o guia que nos levaria até a Ilha.


Cerca de 1:30 hora após navegarmos pelo Titicaca, chegamos a ilha de relevo bem acidentado.


Desembarcamos, e após a breve visita às ruínas do Templo Pilkokaina, seguimos pela ingrime trilha, bordeando os terraços de cultivo, onde a técnica empregada é a mesma de séculos atrás.

Fiz diversas paradas para recuperar o fôlego, até chegar ao topo. Ali, pudemos melhor apreciar a imensidão azul do Lago e no horizonte, a Ilha da Lua, tendo ao fundo a majestosa Cordilheira Real, com o seus picos nevados. Fantástico, apesar da canseira!


Da Ilha do Sol há barcos que saem para a Ilha da Lua (Isla de la Luna). O trajeto é feito em cerca de 1 hora.



A passagem pela ilha foi rápida e logo começamos a descida, desta vez pela "Escalera del Inca", a alta escadaria de pedra da época dos incas, que dá acesso a Fuente del Inca, onde bebi um pouco da água cristalina que é jorrada incessante.


Apesar dos altos degraus, para baixo todo santo ajuda, e em pouco tempo, estávamos no pequeno porto de onde regressamos à Copacabana.


Dicas
  • Você pode se hospedar em casa de moradores ou nas pequenas hospedarias e albergues. Em Yumani a infraestrutura é um pouco melhor.
  • Quem está por conta própria pode percorrer a trilha  que vai do norte ao sul (8 km), conhecendo as duas partes. Prepare-se com um bom fôlego para sempre está subindo ou descendo as trilhas, além da alta escadaria pois já se está a 3.800 m.s.n.m!
  • A melhor época para ir é entre maio e outubro, quando os dias são secos e o sol faz a festa. Nos outros períodos é temporada de chuvas.
  • Atenção para os horários dos barcos, principalmente se for fazer a trilha e retornar à Copacabana no mesmo dia. Também é necessário comprar o ingresso, pois ao longo do trajeto há  3 "pedágios" que exigem o bilhete.
  • Não esquecer de levar água, filtro solar, boné, óculos escuros, um lanchinho e um agasalho.
  • Não deixe de saborear a  Truta del Lago.

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