Levando-se em conta os vestígios encontrados, 50 mil anos se passaram desde que se iniciou a história do homem brasileiro. Esta saga teve início em pleno sertão nordestino. Mas quem seriam esses primeiros homens que deixaram restos de fogueiras ?
E os que lhes sucederam 40 mil anos depois, responsáveis pelos coloridos desenhos nos abrigos rochosos, como o Boqueirão da Pedra Furada? Dos primitivos habitantes só se sabe o que se tem relatado com a chegada dos portugueses no início do século 16.
Eram grupos indígenas, na sua maioria do tronco Tupi, caçadores e coletores que começavam a se dedicar ao plantio da mandioca, do milho, da batata doce e de árvores frutíferas.
Mas o que ficou registrado desses primeiros contatos vai desde a primeira impressão, pelos colonizadores, de um paraíso terrestre, ao inferno de conflitos com os índios, algum tempo depois.
Para garantir a posse do território à Coroa Portuguesa, fidalgos empobrecidos assumiam as Capitanias Hereditárias e, como mão de obra para o cultivo dessas terras, tentaram escravizar os índios. Recusando-se a esse tipo de trabalho nas plantações e apesar da desvantagem com o armamento de guerra (arco e flecha contra espadas e, às vezes, canhão), conseguiram estragos e das dezessete Capitanias, quase todas fracassaram. No Nordeste sobreviveu a Capitania de Pernambuco.
Depois a Coroa instituiu o Governo Geral, que se estabeleceu na Bahia. Algumas décadas apos as armas e as doenças trazidas pelos europeus dizimaram as povoações indígenas de toda a costa.
Parque Nacional Serra da Capivara
Situado na região semiárida do Nordeste do Brasil, abriga nos seus 129.100 hectares mais de 900 sítios arqueológicos. A maioria é constituída por abrigos embaixo de rochas.
Rochas cujas paredes serviram, durante milênios, como base para pinturas e gravuras, onde se podem reconhecer animais, cenas de rituais, de dança, de sexo, de parto, enfim, da vida cotidiana.
As pesquisas arqueológicas se iniciaram na década de 70. Em 1975 o governo francês disponibilizou verbas para a realização de expedições científicas no local. Desde então, equipes de cientistas e técnicos brasileiros em cooperação com estudiosos franceses, sob o comando da arqueóloga brasileira Niéde Guidon, encontraram fosseis humanos e de animais extintos, restos de cerâmica e utensílios de pedra polida, provas da presença do homem no continente desde tempos remotos, revelando a grande riqueza cultural e histórica dessa região.
Não se sabe exatamente como o homem chegou ao continente americano, mas os vestígios indicam que entre 50 mil e 12 mil anos atrás, grupos humanos foram atraídos pela floresta úmida e numa planície coberta pela savana, onde estavam presentes grandes animais, como mastodontes, preguiças e tatus gigante, acabaram se fixando. Ali, utilizaram os abrigos embaixo de rochas (caldeirões) como ponto de caça e os espaços mais abertos como moradia. A pedra ou madeira eram utilizadas para fabricar os instrumentos cortantes como raspadores e perfuradores.
Entre 12 e 5 mil anos houve uma drástica mudança climática na região, instalando-se o clima semiárido, o que pode tê-los obrigado a mudanças no seu modo de vida e, consequentemente, no emprego de novas técnicas para confeccionar os seus instrumentos. Aparecem os artefatos em cerâmica.
De 3.500 anos atrás até meados do século 16, grupos agricultores e ceramistas permaneceram nessa região, até serem gradativamente exterminados pelos colonizadores. Aos poucos essas terras foram transformadas em fazendas de gado e pequenas lavouras.
Em 1979 toda essa área passou a ser Parque Nacional e em 1991 a UNESCO a catalogou como Patrimônio Cultural da Humanidade. Três anos após passou a ser administrado pela Fundação Museu do Homem Americano (Fundham), de caráter privado, em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Hoje essa gestão conjunta se faz com o Instituto Chico Mendes.
- Conhecendo a Pré História do Brasil
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